sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

Retrospectiva Centro Literário Pelotense 2021

RETROSPECTIVA CENTRO LITERÁRIO PELOTENSE 2021 O ano de 2021 foi difícil para todos, salvo pela vacinação que amenizou e deu alívio nas regras de isolamento. Em especial ao comércio que apostando pesado nas festas de fim de ano abriu suas portas. Algumas instituições e escolas iniciaram também suas atividades presenciais. Restaram as máscaras e o distanciamento, com o conselho de evitarem-se aglomerações. O Centro Literário Pelotense, liderado pela presidente Marísia Vieira e pela vice Helena Manjourany, secundadas pelos demais associados, procurou adaptar-se à situação mantendo-se ativo de forma on line, pelo what´s que uniu o pessoal através das mensagens, textos, avisos, decisões e eleições ou das Lives semanais/quinzenais administradas pelo clipeano Augusto Rodrigues Jr. cujas “visitas” oportunizaram o contato visual diretamente em nossas casas. A página do Clipe, no Diário da Manhã sob a coordenação de Helena Manjourany, continuou a divulgar as notícias e os textos dos clipeanos. Da mesma forma funcionou o perfil do Clipe no facebook onde a responsável pelos textos oficiais Vilma Vianna difundiu no período notícias e informações pertinentes ao Centro. Dela também a organização da Coletânea. Ao terminar o ano comemorou-se o aniversário do Centro Literário Pelotense com um jantar virtual. Este encontro em tempos pré-pandemia realizava-se com um jantar festivo e o congraçamento dos associados nos salões da Associação Cultural Italiana de Pelotas. Ainda em Lives foi apresentada a 28ª Coletânea com os autores mostrando suas produções. Não poderia ficar de fora nossa tesoureira Beth Ceron que não poupou esforços para manter o caixa em dia. Como últimos eventos em Lives, a apresentação ao piano em “Emoção e Sentimento” e a Introdução ao haicai, sob a responsabilidade respectivamente de Ceron e Vilma Vianna. Neste ano complicado alguns clipeanos tomaram parte em concursos, receberam prêmios, escreveram livros, juntaram-se a outras formas de encontros literários, presenciais ou não. Digno de nota foi a candidatura da Helena ao CONCULT, segmento literatura. Mas informaremos tudo isso depois das férias. FINALIZAMOS COM A MENSAGEM DE NATAL DA PRESIDENTE MARÍSIA VIEIRA. MEU PRESENTE DE NATAL Este ano, o mais diferente que vivi em minha vida, quase tudo é VIRTUAL. Porém existem coisas presenciais: sentimentos, lembranças. amigos, afetos... estão sempre presentes em nossos pensamentos, em nossos corações. Pois não é que tive um sonho que me deixou enlevada? Eu vi. Eu presenciei a feitura de uma árvore. Uma árvore de Natal. Os adornos eram sui generis. Pasmem! Lá estavam enfeitando minha árvore figuras humanas. Comecei a olhar com mais atenção e tive uma das mais gratificantes surpresas. Cada um dos adornos eram muitos conhecidos meus. Eram CLIPEANOS que apesentavam textos belíssimos em prosa e poesia. Emocionada tentei ABRAÇAR um por um, mas desapareciam por serem VIRTUAIS. Fiquei feliz e, ao mesmo tempo, decepcionada por não ter demonstrado meu carinho, minha AMIZADE para com eles. Fiz uma prece e pedi a Deus, ao MENINO JESUS que recebesse aquela árvore como meu PRESENTE DE NATAL, contemplando cada um daqueles ADORNOS de muita PAZ, ALEGRIA, SAÚDE, FELICIDADE. O dia estava raiando. Acordei, recordei o SONHO e pedi a JESUS que transformasse aquele sonho em REALIDADE. FELIZ NATAL!!!! Marísia Vieira. Por hora desejamos Feliz 2022 com muita saúde e inspiração! Pelotas, dezembro de 2021 Vilma Avila Vianna

domingo, 12 de dezembro de 2021

ENTENDENDO O HAICAI

ENTENDO O HAICAI O haicai é um popular poema japonês. Antigo, foi muitas vezes incentivada sua produção por meio de festivais onde milhares de pessoas escreviam seus haicais. Ainda que seja um poema curto, conciso e objetivo, o haicai tradicional segue inúmeras regras Três delas fáceis de serem seguidas: É um terceto – estrofe ou poema composto de três versos; Formado por 17 sílabas poéticas distribuídas cinco no primeiro verso, sete no segundo, cinco no terceiro; Não tem rimas, nem título. Muito embora o haicai seja sempre um terceto, nem todo terceto é um haicai. Senão vejamos: Os tercetos eram comuns na Idade Média e muitos autores famosos usaram-no em seus poemas: Camões e Dante por exemplo. A Divina Comédia é toda escrita em tercetos. Camões. No Brasil Olavo Bilac escreveu TERCETOS, poema romântico que como indica o nome é todo em tercetos. TERCETOS De Olavo Bilac Noite ainda, quando ela me pedia Entre dois beijos que me fosse embora, Eu, com os olhos em lágrimas, dizia: “Espera ao menos que desponte a aurora! Tua alcova é cheirosa como um ninho… E olha que escuridão há lá por fora! Como queres que eu vá, triste e sozinho, Casando a treva e o frio de meu peito Ao frio e à treva que há pelo caminho?! Ouves? é o vento! é um temporal desfeito! Não me arrojes à chuva e à tempestade! Não me exiles do vale do teu leito! Morrerei de aflição e de saudade… Espera! até que o dia resplandeça, Aquece-me com a tua mocidade! Sobre o teu colo deixa-me a cabeça Repousar, como há pouco repousava… Espera um pouco! deixa que amanheça!” – E ela abria-me os braços. E eu ficava. Não é comum encontrar-se um terceto como um poema completo. No entanto os sonetos são formados por dois quartetos e dois tercetos. O último deles normalmente faz o fechamento do soneto. Abaixo exemplos de tercetos que terminando um soneto: Raimundo Correia – As pombas No azul da adolescência as asas soltam Fogem... Mas aos pombais as pombas voltam, E eles, aos corações não voltam mais. Vinicius de Moraes – soneto da fidelidade Eu possa me dizer do amor (que tive) Que não seja imortal posto que é chama Mas que seja infinito enquanto dure Olavo Bilac – Deixa que o olhar Ouço em tudo teu nome, em tudo o leio E, fatigado de calar teu nome Quase o revelo no final de um verso. Florbela Espanca - Eu Sou talvez a visão que alguém sonhou Alguém que veio ao mundo pra me ver E que nunca na vida me encontrou SÍLABA POÉTICA. Cada uma das sílabas que constituem um poema. Auxilia na criação de ritmo e melodia. Diferentemente da sílaba gramatical, a sílaba poética nem sempre coincidem com a sílaba gramatical. Nela contamos até o último acento tônico. Ex: na palavra castiçal ambos terminam na sílaba çal, já na palavra vela a sílaba poética vai até ve. Vocês aceitam indicar nessas 10 palavras a sílaba poética 1. Poética, sílaba, crescentes, aumento, antônimo, vermelha, tecido, papel, banana e vento. Obs.: quando uma palavra termina em vogal e a próxima começa tb em vogal unimos as duas num único som. Ex. A IDADE ANTIGA , junta-se ai-da-de e ida-dean-ti-ga, HAICAIS Vilma Vianna de volta pra casa aves passam em revoada- primavera enfim verde capim novo- as vaquinhas dispersadas pastam em silêncio ouço o ardente canto da sabiá laranjeira- três ovos no ninho madrugada fria- debruçado na janela um gato vigia formiga em carreata frente ao portão da garagem- roseira desnuda. HAICAIS Paulo Leminski Na tarde abafada Só a voz de uma galinha Que botou um ovo Com que certeza Voam todas para oeste Garças desta manhã O outono chegou Mais distante e azuladas As mesmas montanhas Manhã de frio Se fosse menino escrevia Meu nome no vidro. Vilma Vianna/ dezembro/2021