quarta-feira, 24 de julho de 2013

Ciranda dos Pagos

Novo texto para a Ciranda:

Minhas saudades

Lá por entre as coxilhas
moram as minhas saudades.
Frágeis como as nuvens
que passam,
densas como o arvoredo

que balança com o vento,
imponente.
Livres para voar,
lançam-se nas montanhas
e alcançam o infinito.
Minhas saudades não choram...
(...)
silenciosas,
oram,
repousam,
no seu lugar de paz.
     Bel Plá

Ciranda dos Pagos

Novo texto para a Ciranda dos Pagos:

     Milonga

É noite na imensidão do pago...

Acordes de uma gaita chorona
rompem o silêncio no galpão crioulo
atiçando brios de guapos dançadores!

O taco da bota vai marcando
o compasso forte da milonga...

E o vestido da prenda,
amor de fita e renda,
rebolea no seu corpo
cinchado nos braços do seu homem!

Olhos nos olhos...
Como se mais ninguém houvesse no salão.

Toque de mãos...
Linguagem silenciosa dos amantes.

Cumplicidade plena
para fazer da madrugada
um talismã da sorte.

Nada mais importa... Não!

São momentos inéditos, marcantes,
gravados no tempo, na memória.

Até quem sabe irão com a gente afora
pelos caminhos da eternidade!
     Yeda Araujo Pereira

Ciranda dos Pagos

Novo texto para a Ciranda dos Pagos:

     MESMO À NOITINHA

Certo dia
Quando a noite já descia
Sobre o casario da cidade,
Sentado no meu carro escutava
Gauchescas cantigas.

E no embalo da canção,
Deixei-me transportar
Até um imaginário rincão,
Onde velho gaúcho e sua prenda
Sorviam seu amargo chimarrão,
Enquanto escutavam no rádio a pilhas
Aquelas mesmas cantigas,
À roda do fogão.

A lua cheia iluminava
Toda aquela erma coxilha,
E a natureza reconciliada
Já toda cochilava;
Só algum quero-quero de guarda
Como se a noite fora pertença sua,
De vez em quando gritava.
E o silêncio era tão tanto
Que dava até para escutar as estrelas
A cochichar com a lua.
     Eduardo de Almeida Farias

sábado, 13 de julho de 2013

Ciranda dos Pagos

Novo texto para a Ciranda.

Obrigado, amigos, pela participação!

VELHO

Tua voz é rouca e poderosa
arrastas em teu passar
o que existe em volta
há muito tempo estás presente
nas coxilhas
a romper com teu canto
as quebradas dos Pampas!

Te chamam velho, e ao te sentir
no horizonte, se amedrontam
mas eu recolho teus penares
e faço meus teus inúmeros
quebrantos!

E muitas vezes clamo contigo
meu velho amigo Minuano!
    Vilma Vianna

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Como participar da Ciranda dos Pagos

Queridos amigos clipeanos e não-clipeanos!
A Ciranda dos Pagos já começou e encerra no dia 20 de setembro, data farroupilha.

Todos os trabalhos enviados serão postados aqui nas postagens do blog, conforme forem chegando. E serão apresentados para apreciação nas respectivas páginas que estão na parte superior do mesmo: "Ciranda dos Pagos- Quadras" e "Ciranda dos Pagos- Poemas".

Formas de envio:
- Entregue nas reuniões do Clipe, às segundas-feiras, às 15 h, na biblioteca da SMED;
- Enviado por e-mail para o endereço:
  poetaalma@yahoo.com.br;
- Postado no Mural do facebook do Clipe Pelotense:
https://www.facebook.com/clipe.pelotense?fref=ts

Cada autor pode enviar quantos trabalhos desejar, na modalidade quadra ou poema.
Participem, amigos! Nosso desejo é que esta ciranda tenha tanta aceitação como foi a Ciranda do Jubileu.
Abraços fraternos!


Novos textos para a Ciranda dos Pagos:

CARRETAS

Carregas estafas e andanças
e em mim a outrora criança:
ressoam cirandas e lanças.
E o gemido de liberdade
é um aboio nos confins da terra.

Carretas, rondas do tempo,
maniáticas de sóis e lunaréus.

Nave do nauta telúrico,
rancho sobre duas luas,
gêmea de pampas, estrelas e léus,
roçando várzeas, lançantes,
traçando cíclica gesta:
esperanças, trabalho e terra.

Nas lonjuras dos caminhos,
sofrendo encruzilhadas e escarcéus,
arremataste ao gaúcho
verdades abertas no céu.


DO JOGO E DOS CAMBICHOS

Cambichos de suerte
tranqueiam lerdos
e sorros malevas esporeiam
o coração solito
de muitas canchas.

Culo e suerte!
Na tava da vida
a coima é maior
pra quem aposta por fora!

Gineteio
e me solto campo fora
no potreiro do amor.
Freio nos dentes,
amasso flechilhas
e margaridas-do-campo.

Aporreados potranqueiam
os pelos dos cambitos
andarengos.

O desafio é a tirada das coscas.
E ai de quem não se gruda
nas quilinas do matungo!

Culo e suerte!
Na tava da vida a coima é maior
pra quem joga forte!
              Joaquim Moncks 

Ciranda dos Pagos

Novos textos para a Ciranda dos Pagos:

VETERANO

Vejo-te à luz de cada madrugada
Quando o sol ainda se espreguiça
Escondido no horizonte!

Olhar aceso,
Sorriso franco,
Alheio ao tempo,
Vais ao encontro do zaino
À espera no potreiro!

Relembro teus pensamentos
Quando trocamos ideias.

"Não importa chuva, o vento...
Não importa frio intenso...
Posso sair por aí!
Posso ser livre e feliz!"
      Yeda Araújo Pereira

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Ciranda dos Pagos

Novos textos para a Ciranda dos Pagos:

No fogo de chão ardente
O carvão agora em brasa
Assa a carne o peão
Em sua estância amada.

Bolo frito tradicional
Com açúcar e canela o enfeitando
É da culinária gaudéria
Típico prato campeano
          Raquel Monteiro



          Roda de chimarrão

Quando a tarde vai caindo,
E chega o fim do dia,
a passarada vem, em bandos,
para os galhos da grande árvore,
bem na hora da Ave-Maria,
a alma da gente vai se apequenando...

A barra do sol avermelha no horizonte,
e tudo em volta fica sossegado...
tento fugir, mas não tem jeito.
bate aquela saudade de casa,
saudade do meu pago amado,
que carrego dentro do peito.

Tão logo a noite pinta o céu
de lápis preto, e as estrelas, com seu lume
bordam poemas no infinito,
junto os gravetos, faço o fogo,
encho a cambona, meu costume,
e não me sinto mais solito.

Enquanto o fogo vai amornando,
dou um jeito no galpão,
sem muito aprofundamento.
Cevo o mate, incho a erva,
dedilho o violão,
e espero mais um momento.

Finalmente a turma chega,
das suas lides se esquece.
No galopar da cidade,
cada um tem seus tormentos.
O coração da gente se aquece
na grande roda da amizade.
      Bel Plá

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Ciranda dos Pagos

Novo texto para a Ciranda dos Pagos:

RIO GRANDE DO SUL

Como potro não domado
Cavalguei coxilhas, teu pago;
Minuano por companheiro
Persegui sonhos...
E como o bom semeador
Lancei sementes com amor
Umas deram fruto,
Outras viraram flor.

Como o Jacu desconfiado
Na solidão da querência;
Ou libertário Quero-Quero
Na defesa de seu pago;
Mas potro já domado...
Ei-lo agora bonachão
A oferecer sorrisos e chimarrão:
-Velho amigo... Eu te quero!

E entre causos de galpão
Na rodada de chimarrão,
Lá vai abrindo o coração
Ao estranja recém-chegado;
Fala de seus amores
De chinocas, belezuras,
De emas e sacaracuras
Que habitam este pago.

Gosto de ti Rio Grande do Sul
De gordo gado e trigo loiro
Imenso celeiro,
Opíparo de fartura;
Da tua serra e planura
Do teu jeito sem frescura
De dizeres o que sentes
Na boca de tuas gentes.

Eduardo de Almeida Farias