quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

ANIVERSARIANTES DO MÊS DE JANEIRO

     Um abraço caloroso dos associados do Centro Literário Pelotense a todos os aniversariantes do mês de janeiro.

Vilma Farias Guerra...........................................5
Reyzina Vianna Ramos......................................6
Lígia Antunes Leivas.........................................7
Olga Maria Dias Ferreira.................................10
Maria Angélica Vieira da Costa.......................22
Helena Heloísa Manjourany Silva...................27

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

ANO NOVO 2013

      Folheio distraída, a recheada e gorda agenda de 2012 com apenas algumas folhas em branco. Desfila mês a mês o registro do ano que termina.

       Desordenada, condensa nas primeiras páginas o possivelmente mais importante - telefones de urgência, sempre à mão, em números graúdos, oração à Jesus “quando se sentir só e desamparada”. Dispersando-se por todas as outras, haicais, poemas incompletos, inicios de contos, rabiscos apressados de ideias pensadas ao acaso . Estufam suas páginas, marcadores de livros autografados, cartões de visita, guardanapos de papel em caligrafia diferente, nomes, endereços, telefones, e-mails, lembretes - “para entrar o ano sempre de bom humor: organize sua rotina.”

       Arquivada a vida prosaica e comum de uma habitante de Pelotas na época atual – apressada, repleta de obrigações algumas autoimpostas, chocando-se inclusive nas listas diárias de uma caderneta. Ou melhor, parte da vida limitada aos deveres, com fugas ocasionais às veredas do sonho, repetidos num círculo fechado – contas, boleto de banco, comprovante de cartão, endereços, contas, horários de médico, reunião, trechos de atas, comprovante de débito, convites, contas, lembretes, avisos, reunião, e-mails, contas.

       Bem no início, epígrafe de Érico Veríssimo – “quando os ventos de mudanças sopram, algumas pessoas erguem barreiras, outras constroem moinhos de vento.” Quanto malabarismo é necessário para se derrubar barreiras e quantos moinhos permanecem no papel ou nas ideias...

       No canto esquerdo da escrivaninha a nova agenda espera. Sem passado, cheiro bom, fina, as páginas no aguardo, lisas e macias. O 2013 proeminente para evitar confusões e esquecimento. Afinal ela é o clone da memória.

       Gosto dela assim, de papel. Impossível resistir-se a uma análise do que foi pensado, executado ou ainda permanece na intenção. Mais difícil ainda não ceder á esperança de melhor programação para o ano que vem por aí. Eis, pois que, na primeira novíssima página, folha já com um lembrete:

“Minha ignorância,
Meus apegos,
Meus desejos,
Meus ódios.
Na verdade, meus inimigos”
      Dalai Lama


No horizonte nova batalha. Que assim seja.
Feliz ano novo!

      Vilma Avila Vianna

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Crônica- A Tribo da Sensibilidade


A Tribo da Sensibilidade

       Tarde de domingo, calor, nada para fazer... Escureci a sala e procurei algo na TV que me interessasse. Surpresa! Na TVE uma apresentação de Saramago, Belo Horizonte, 1999- Estava no Brasil para lançar o livro "Cadernos de Lanzarote". São diários que escreveu depois que se retirou para a ilha de Lanzarote na Espanha, para evitar a grande polêmica da Igreja Católica causada por seu livro "O Evangelho segundo Jesus Cristo", do qual nunca se retratou.
       Com o brilho de sua inteligência, sua simpatia e humor e a imensa experiência de vida, encantou a mim e ao numeroso auditório. Manteve presa minha atenção como se estivesse falando só comigo. Fazendo graça com a palavra "lançamento" disse que poderia ser uma nova modalidade esportiva: lançamento de dardos, lançamento de disco, lançamento de livros- rindo de si mesmo. Disse também que o escritor não precisaria falar, tudo está escrito em sua obra, mas quando fica conhecido perguntam sobre qualquer assunto. Querem sua opinião até sobre uma possível viagem a Marte. Com vergonha de dizer "não sei", inventa uma resposta plausível e a repete sempre que fazem a mesma perguta (99 vezes) o que é um sacrifício, porque se tenta melhorar- na centésima vez- um repórter vai escrever que não sabe o que diz. "Se é Prêmio Nobel, então, é uma desgraça!" O auditório riu muito.
       O que me tocou, como verdade em meio a tantas histórias interessantes, é que ele acredita haver no mundo uma "Tribo da Sensibilidade" formada por pessoas que moram distantes, que talvez nunca se encontrem ou tenham sérios atritos entre si. Desta tribo fazem parte aqueles que não veem só o aspecto material da vida: o lucro, o consumismo, o poder... São aqueles os que entram em transe ao ouvir a 9º Sinfonia de Beethoven; sentem prazer ao ler um bom livro; se extasiam frente à pintura, à arqutetura, à escultura... Não só os que criam arte, mas os que têm a sensibilidade de se deixar tocar por ela. Essa Tribo dispersa ou em pequenos grupos é a esperança de que a barbárie não retornará à Terra e de que a humanidade será resguardada em sua essência.
       Fico feliz porque Saramago, falecido em 2010, me trouxe esta notícia: faço parte da "Tribo da Sensibilidade", assim como meus amigos do Centro Literário (CLIPE) e do Grupo Literário da Bibliotheca (GLIBI) e tantos outros...
       Lia Bachettini
       Crônica