JUBILEU DE PRATA DO CENTRO LITERÁRIO PELOTENSE 1
Hoje, dia em que preparo o meu trabalho para a coletânea do CLIPE,
edição anual, que costumeiramente é editada por ocasião de seu
aniversário, e este ano com motivos a mais, pois, o Centro Literário
Pelotense, prepara-se para comemorar seus vinte e cinco anos de sua
fundação.
Não houve como evitar o assomo de certas lembranças que se achegaram dev
agarzinho,
quase ao ritmo da chuva que se faz sentir com sua cantilena monótona e
triste, a se debulhar em lágrimas nos beirais. E vem-me à lembrança
aqueles e aquelas com quem tive o prazer de conviver, outros de quem
meus companheiros me falavam fundadores que foram desta entidade.
Meditando nesta passagem tão efêmera que é a vida, fugaz como o vento
que passa, cada vez mais me convenço de que nada somos. Por outro lado,
as coisas boas que fizermos serão a voz que há de ecoar, através daquilo
que criamos ou ajudamos a criar. Neste sentido, homenageio e
reverencio aqueles companheiros que desta já se foram: Clóvis Almeida
Alt; Sady Maurente de Azevedo; José Vieira Etcheverry; Enrique Salazar
Cavero; Gisella Mascarenhas Castellã; Maria Amelia Gonçalves Hillal;
Francisco de Oliveira Abib; João Francisco Andrade; Therezinha Zanotta
Carneiro; Júlio César Maria Elizalde; Ivone Leda do Amaral; Pedro
Bággio; Marlene Luz da Silva; Yolanda Lund.
Recordo também os dias
aziagos quando fomos convidados a sair daquela casa o assim chamado
castelo Simões Lopes. Ato truculento e desrespeitoso, não só para com
as entidades ali instaladas, Academia Sul Brasileira de Letras,
Instituto Histórico e Geográfico de Pelotas, Centro Literário Pelotense,
e mais duas entidades não da área das letras, mas também ao decreto
lei municipal de n° 3054 de 1992 que criou a Casa de Cultura naquele
local.
Graças à generosidade do então deputado federal Sr. Érico
Ribeiro, que nos cedeu graciosamente uma casa sua, o Centro Literário
pode exercer suas atividades por aproximadamente durante seis anos, ao
fim dos quais por circunstâncias que não vem ao caso aqui citar, tivemos
novamente de nos pôr a caminho à procura de novo teto, para assim não
deixar morrer a chama, os ideais, de um grupo que ainda acredita que o
mundo com poesia seria bem melhor.
Éramos novamente uns sem teto.
Desde então tem sido um penar silencioso, pois, a Prefeitura alega não
ter um local para o CLIPE. Verdade também seja dita que a Prefeitura
disponibilizou ainda que, em caráter temporário, uma sala para nossas
reuniões das segundas-feiras. Mas todo o nosso acervo: livros, móveis e,
utensílios, está amontoado num depósito, e as perspectivas para
obtenção de uma sede própria, não muito animadoras.
A solução para
todo este embróglio seria como já tenho dito por mais de uma vez, a
criação definitiva de uma Casa de Cultura, à semelhança das que existem
em outras cidades deste Estado e, pelo Brasil afora.
Assim, se por
um lado temos motivos de sobra para nos regozijarmos pelo quarto de
século do nosso querido CLIPE, por outro lado, fica-nos a sensação do
vazio, da impotência, e a desilusão pelo pouco apreço das autoridades
responsáveis, em relação às coisas da cultura, especialmente das letras,
embora Pelotas se intitule de cidade culta.
Tínhamos esperança que
ao festejar o bicentenário da cidade, a criação de uma Casa de Cultura
fizesse parte de suas comemorações, mas assim não aconteceu.
Contudo, a chama da esperança continua viva, e alguém num ápice de
lucidez ainda há de perceber o quanto é importante ter um local
apropriado para acarinhar e incentivar novos talentos na difícil, mas,
prazerosa tarefa de cultivar a arte, e de maneira especial a arte das
letras.
Eduardo de Almeida Farias